segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amanhecer sem vontade



Se fosse fulminante a morte por raiva, eu teria morrido ontem à noite na minha cama. Tive um acesso violento. Não sei bem dizer se era raiva ou ódio. Foi tão forte que devem ter sido os dois juntos. Me doía o coração. Tamanha dor que eu podia senti-lo inteiro, todo o seu contorno, todo o seu peso. Podia visualizá-lo, carne e sangue, envenenado. Eu queria chorar, para aliviar a dor e foi difícil conseguir. Veio um choro feio, compulsivo. Não era um choro de tristeza que como a chuva vem para limpar. Era quase um vomito. E eu queria vomitar, mas não conseguia. Só vinha o enjôo no que eu imagino seja o estômago, mas não o vomito. Fiquei com muito frio, parecia uma intoxicação. Era. De ódio e de raiva.

Só consegui dormir bem mais tarde anestesiada por um punhado de amor que consegui ali mesmo ao meu lado.
Hoje, 9 do 9 de 2009, amanheci sem vontade.

2 comentários:

  1. Um punhado de amor.Bela solução poética para aquilo que é o único antídoto para raiva.
    E creia, ainda é o melhor. Experimentei -que ironia- na mesma noite e madrugada- usar como antídoto, o próprio veneno. Horros. Vergonha.
    Sabe o que eu gostaria que vc experimentasse: colocar as mesmas palavras em versos.Pancadão. Já é um pancadão. Ficaria mais.
    vamos dee pancadão. MS o nosso é o dos pandas: fofos.
    Gostei muito. Vc precisa escrever ,mais e mais.
    abraçao de panda

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  2. Querida palpiter, posso lhe chamar assim? Escrevo porque preciso. É um alívio. Escrevo para mim e corro postar para você. Com quem converso. É ótimo ter você no ar.

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